A tristeza em tempos de pandemiaA tristeza faz parte das emoções mais vividas de todos os seres humanos.

A origem das emoções profundas nos remete desde nossa fase intrauterina até o primeiro setênio (ciclo de 7 anos), onde registramos muitas memórias emocionais em nosso corpo e mente. Essas memórias, na maioria das vezes, são recorrentes em nossa vida adulta.

Normalmente, a tristeza está associada a outros fatores como: desânimo, desamparo, desilusão, descrença. O estado de tristeza pode ser caracterizado por sensações de baixa autoestima, dor, impotência, saudade, apego ao passado ou a alguém que se foi, solidão, culpa, cansaço, angústia ou vazio interior.

Esta emoção pode ser a resposta para eventos desagradáveis como arrependimentos, decepções, morte de alguém próximo, separação, raiva em relação a alguma pessoa, entre outros. Mas também é possível se sentir triste sem nenhum motivo aparente.

A tristeza e o isolamento

O isolamento social, ocorrido por conta da pandemia do corona-vírus, está causando diversas preocupações, consequências psicológicas e estresse em grande parte da população.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o risco de contaminação e a incerteza das medidas governamentais nacionais, o tempo de busca de uma possível vacina e o próprio isolamento social podem agravar ou gerar sintomas profundos de ansiedade e depressão.

A questão da escassez econômica, a dificuldade de manter materialmente as questões de sobrevivência são também fatores que levam ao desânimo e à tristeza.

Efeitos colaterais da pandemia

Existem três grandes efeitos colaterais da situação atual que podem gerar sintomas graves na saúde mental/emocional do indivíduo. É importante entender esses fatores para podermos encarar a situação com atitudes corretas de enfrentamento.

1.Isolamento social

A diminuição do contato social, aconselhado pelas orientações de isolamento de nossos entes e amigos mais próximos é, sem dúvida, o principal agravante colateral. No campo da saúde e bem-estar da sociedade em geral, esse comportamento vai contra o que os especialistas indicam, que seria manter contato social frequente com pessoas mais próximas como medida protetiva aos sintomas de ansiedade e depressão. Mas o que estamos vivendo hoje é uma realidade totalmente atípica (diferentemente da necessidade de isolamento em função da saúde física que necessitamos hoje).

A sensação de desamparo, desconexão, falta de toque e presença ou, mesmo, de viver numa ‘bolha’ são fatores que desencadeiam a solidão. Hoje, mais do que nunca, estamos isolados presencialmente e tentando nos conectar virtualmente.

Antes da pandemia, os dados sobre a solidão e isolamento social, gerando tristeza e depressão, já eram alarmantes. Neste momento atual, a estatística é enorme.

Pessoas com conexões sociais mais profundas, íntimas e amorosas tendem a se sentir mais felizes e protegidas. Dessa forma, é fundamental a comunicação e a troca, então, aproveite e faça uso inteligente da tecnologia. Mantenha contato com as pessoas que você ama, seja por vídeo-chamada, ligação, gravação de áudios, fotos…

2.Se sentir inútil

Sentir-se sem função também é uma barreira protetiva. Durante esse período, devido ao isolamento, algumas pessoas têm estado muito tempo em casa e costumam se sentir menos produtivas e até perdidas, sem saber o que fazer nesse tempo disponível. Isso porque estar em casa nos remete ao hábito de relaxamento, como poder dormir o tempo que quiser e/ou não fazer nada.

A nossa casa é sempre vista com um ambiente de prazer e não inspira o sentimento de ser útil! Ela inspira sensações de recompensas imediatas, como comer, tirar um cochilo ou ver uma série na Netflix.

Outras pessoas questionam-se “como usar o tempo de forma correta?” Ou seja, é importante transformar essa dificuldade em produtividade. Reflita quais são os seus valores, as questões importantes da sua vida e, aos poucos, procure se estimular (sem se cobrar!) entendendo que é possível usar o tempo para aprender e desenvolver alguma nova habilidade, por exemplo. Reinvente-se!

Uma dica é organizar o seu dia logo pela manhã, se precisar, anote tudo que você precisa fazer no dia anterior e tente seguir durante o dia seguinte. É importante determinar os horários para cada uma das atividades e separar um ambiente da casa para realizá-las. Isso nos estimula psicologicamente, ajuda a aumentar a produtividade e nos impõe disciplina e ritmo.

Use esse tempo para fazer todas as coisas que antes não era possível, por conta do trabalho, estudos e demais compromissos do dia a dia. Pense nos seus propósitos e ações possíveis para desenvolver no isolamento. Podem ser: arrumar aquele armário (que até então não tinha tempo para fazer) e os papeis espalhados pela casa (contas e documentos), separar objetos diversos para doação como roupas e livros, ler aquele livro que você não terminou (porque sempre chegava cansado em casa ), iniciar um curso on-line e por ai vai…

3. Cuidado com o excesso de informações

Ao abrir as redes sociais ou assistir TV estamos sendo bombardeados por informações de todos os tipos. Sabemos que algumas são importantes, como os levantamentos dos casos de covid-19 e as instruções gerais para evitar o contágio do vírus. Mas será que precisamos saber o número de mortes e infectados a cada 30 minutos? Ou quem é o famoso fulano de tal que está com corona vírus?

Saiba que excesso de informação – síndrome de informação crônica – torna o problema da ansiedade do corona-vírus ainda maior. Isso geralmente acaba causando estresse e pode aumentar os sintomas de uma futura depressão. Recomendo um ‘detox’ de informações: continue se atualizando, mas com limite de quantidade e horário, para não se sobrecarregar.

Não fique boiando na internet, navegue naquilo que realmente te interessa!

Dicas essenciais para lidar com o isolamento

Cuide da sua casa interna

A tristeza em tempos de pandemiaTente separar o dia (pelo menos 1 hora) para cuidar de você! Pratique meditação, respiração consciente e exercícios físicos. Mesmo que você não tenha muito espaço, é possível fazer algumas atividades dentro do próprio quarto ou sala, existem muitos vídeos específicos na internet mostrando práticas simples para este momento desafiador. Lembre-se, é importante cuidar do corpo, mente e emoções para manter a harmonia entre você e suas relações.

A qualidade de sua alimentação e hidratação também é fundamental para a melhora de seu bem estar. Observe o que está por trás dos desejos compulsivos alimentares.

O sono profundo e com tempo mínimo de 8 horas também fará a diferença. Procure se organizar e ter disciplina com seus horários de acordar e dormir. A insônia tem aumentando muito nesta fase.

Dê atenção para aqueles que você convive diariamente

Neste momento, muitas emoções e crenças que estavam ocultas vêm à tona…

Muitas máscaras estão caindo em função de todo o ocorrido, portanto, a qualidade da atenção amorosa e compaixão é fundamental.

Aos que são pais, é preciso estar atentos com as crianças que vivem na mesma casa. Utilize-se desse momento para conversar com o cônjuge, os filhos e os parentes que vivem juntos sobre as suas emoções e perspectivas. A qualidade de escuta compassiva e uma comunicação não violenta é fundamental

Para as crianças, como não se trata de férias, estimule-as para que prossigam às aulas online de forma tranquila e organizada. Sabemos que algumas são mais desatentas que outras, nesses casos, acompanhe as lições de casa, promova alguns lanches e momentos lúdicos durante os intervalos e, principalmente, esteja presente e atento às questões emocionais e comportamentais.

Os colaboradores, vizinhos, pessoas próximas também são pontos fundamentais de conexão e atenção neste momento.

Coragem e ação

A tristeza em tempos de pandemiaNesta fase, precisamos ter muita coragem para agir, ou seja, a capacidade de também movimentar o medo para a ação. Não podemos ignorar o problema e nem se deixar paralisar por ele (comodismo e zona de conforto). A ideia é achar um ‘equilíbrio’ entre a situação de isolamento, os nossos medos e crenças negativas e a ação consciente e criativa. Se questione: “O que posso fazer para encarar essa quarentena com saúde e bem-estar?”

Pensem que este momento é único para conhecer melhor a nós mesmos. Além disso, temos a oportunidade de resgatar velhas amizades, mantendo contato com quem não falávamos há tempos. A criatividade está à disposição de todos, podemos criar projetos diferentes ou até mesmo desenvolver habilidades para novas competências na carreira. Quem sabe conquistar um novo trabalho de forma remota (e ainda ganhar dinheiro com isso!).

O tempo de isolamento é propício para desenvolvermos o autoconhecimento e o autocuidado, aprofundar as relações e questões que estão vindo à tona. Também é tempo de despertar para o sentimento do Amor pela existência e aquilo que nos é sagrado, desenvolver a gratidão pela nossa história e a forma como vivemos (família, biografia, conquistas pessoais, transcendência).

A crise vai passar em algum momento (impermanência), mas o que vamos levar disso tudo não será passado em branco. Portanto, tente encarar as coisas de forma positiva, como um aprendizado para toda a vida. Tente ver de que forma você poderá sair da quarentena mais fortalecido do que quando entrou. Aprenda a ser forte com as adversidades, este momento está sendo a melhor escola da vida para todos nós!

Fique bem!

Obs: A terapia ou a meditação online podem ser grandes aliados nesse isolamento. O terapeuta Maurício Bastos está oferecendo atendimento online e individual para quem sentir necessidade de apoio de um profissional. Acesse nossos canais e marque uma conversa, você não está sozinho!

Fontes:
https://www.vittude.com/blog/12-formas-de-combater-a-tristeza-antes-de-se-tornar-doenca/
https://redepara.com.br/Noticia/212167/cuide-da-saude-mental-em-tempos-de-isolamento-social
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