Como lidar com a culpa?Começar a criar uma nova história a partir do “hoje”, é uma alternativa que você pode querer seguir. Não é esquecer o que aconteceu mas, sim, reconhecer e aprender com o que foi vivido e as consequências disto.

Sentir-se culpado é um dos sentimentos mais difíceis e desafiadores para os seres humanos. O indivíduo, muitas vezes, não consegue se libertar deste sentimento. Fica preso aos acontecimentos passados e aos traumas emocionais decorrentes. A sustentação da culpa gera uma baixa de vitalidade, energia e motivação para poder viver a vida em sua plenitude e abundância.

Normalmente, são atitudes indevidas em função de uma falta de consciência e/ou maturidade diante de questões que demandam responsabilidade e presença. Situações que não “soubemos” como lidar e agir no passado e que faríamos completamente diferente se fosse “hoje”.

A culpa é considerada saudável quando nos move em direção a pensamentos, atitudes e comportamentos criativos no presente. Com ela, podemos desenvolver novas possibilidades e caminhos saudáveis para sair daquela situação desconfortável que já aconteceu, que ficou para trás e não temos como mudar. Este tipo de reflexão criativa nos prepara para novas posturas na vida e evita a possibilidade de tomarmos as mesmas atitudes nocivas que, posteriormente, geram novamente culpas.

“Aprendi a lição, isto não vai mais se repetir e a vida que segue aqui e agora…”

Por outro lado, a culpa torna-se preocupante quando os pensamentos, comportamentos e posturas são direcionados de uma maneira egóica e recorrentes e transformam-se em uma forma de masoquismo e autodestruição.

Ao cometer um erro, ao invés de pensar “Sinto muito, eu cometi um erro”, a culpa tóxica nos leva a dizer “Me desculpe, eu sou um erro”, logo, mereço a punição. É aí que o alerta vermelho aparece: o apego ao sofrimento (sofrência).

Leia Desapego do Apego.

O sentimento de culpa

Como lidar com a culpa?Se você tem consciência de ter feito algo nocivo em sua vida, trata-se do sentimento de culpa e, portanto, deve ser elaborado e compreendido, para que esse tipo de ação tóxica não se repita posteriormente. Quando assim é praticado, o sentimento de culpa é positivo.

Por outro lado, se sente-se culpado e continua com esta sensação, sem elaborar e refletir, então você está apenas acumulando o hábito de sentir-se culpado. O mesmo se dá, quando culpamos alguém e o sentenciamos por toda a vida.

O principal problema ocasionado pela culpa é o julgamento cruel e limitado, e consequentemente, a repetição de padrões de comportamentos e atitudes nocivas como o autojulgamento, a autopunição e a autossabotagem.

Isso acontece porque ao invés de buscar alternativas criativas e transformadoras para a própria evolução e aprendizado, o indivíduo cai num padrão de lamentação e vitimização, se sentindo não merecedor de alegrias e prazeres, como também, incapaz de transformar as situações da vida, e assim, a culpa torna-se uma desculpa para não mudar e se desenvolver….

“O passado só será libertado e perdoado quando realmente
desenvolvemos a aceitação e compreensão do que aconteceu…”

A culpa torna-se uma desculpa

Usar a culpa como justificativa para não mudar a vida no presente é muito comum para as pessoas que não se conhecem e não querem mudar.

Culpar os pais, a escola, a infância, o professor, o chefe, o(a) parceiro(a) ou a si próprio e assim, não se encarar e transformar o que precisas na vida diária, é muito comum e frequente em nossa sociedade.

“Culpa é imaturidade, falta de autorresponsabilidade…”

O ser humano está em um constante processo de evolução e os desvios do caminho fazem parte deste processo. É fundamental refletir como os “erros”, em condutas do passado, foram importantes para o aprendizado das mudanças nas posturas do presente.

Sabemos que é muito difícil conseguir enxergar e sair do ciclo paralisante da culpa. O mito da perfeição, da excelência, de um ideal ligado a uma autoimagem exemplar é muito grande. Como também a projeção de que “o(a) outro(a)” é perfeito e sensacional e nunca vai falhar.

Origem da culpa

Assim como a maioria das questões da mente emocional, a culpa origina-se na infância, principalmente nas situações de expressão de limites na relação com os pais e a família. Os pais, que nos primeiros anos de vida são considerados os deuses e heróis, à medida que a criança começa a se expressar, ela vai percebendo os limites e passa a ouvir vários “nãos” vindo diretamente dos pais.

Assim, ela deduz que eles estão falhando, logo, sente-se rejeitada, não-acolhida e começa a ter posturas agressivas e raivosas. Uma postura ambígua de amor misturado com ódio. A presença da culpa começa a emergir. E a criança inicia o ato de culpar os pais pelo que está acontecendo e as atitudes reativas delas surgem em função de um desconforto recorrente e uma ambiguidade existente.

A culpa se torna preocupante quando é recorrente e se perpetua por muito tempo, sem conseguirmos compreendê-la e nos traz a sensação de que estamos paralisados. A pessoa volta constantemente os seus pensamentos para ideias contínuas de negatividade e descrenças.

Veja o artigo O que você está sentindo?

“A experiência é aquilo que lhe permite reconhecer um erro quando você o comete de novo.”

Earl Wilson

Acontece pensamentos constantes do tipo:

Para si próprio:Como eu fui estúpido(a)?!” e “Como não enxerguei melhor a situação?!

Ou para o outro: “Você nunca vai conseguir mudar mesmo!!” e “Você é enganador e mentiroso!

Estes exemplos são algumas falas costumeiras de depreciação que, se repetidas constantemente, levam a padrões de punição, sabotagens e deméritos. A questão é o desenvolvimento da auto-observação para não entrarmos em ciclos que nos deixam estáticos e que geram, posteriormente, muita angústia e sofrimento.

Há alguns estudos que investigam os motivos que levam algumas pessoas a não conseguirem sair desta “sensação paralisante”. Um dos possíveis fatores é o grande medo de sentir-se vulnerável e entrar em contato com memórias muito doloridas.

A culpa e o pecado também são instrumentos de controle usados pela religião para ter o poder e ditar as normas e regras da sociedade. Outras culpas muito comuns também são as de sermos felizes, termos abundância e prazeres devido a uma sensação errônea de deslealdade com nossos antepassados, família, sociedade, etc.

Acesse o artigo Autossabotagem.

Exercício prático

Observe os seus pensamentos e veja como você reage a eles.

Antes de começar, é preciso entender o que acontece. Quando a culpa vier à tona, pare e observe: como você reage a esse sentimento? Quais pensamentos chegam à sua mente? Quais situações que despertam esse sentimento de culpa?

Se preferir, faça uma lista com duas colunas. Na primeira, coloque os pensamentos e, na segunda, os seus comportamentos e as suas reações. Antes de começar a pensar em alternativas, desenvolva a capacidade de observar de forma atenta como esse sentimento desagradável aparece e quais suas reações a eles.

Com o tempo, esse exercício vai te ajudar a conhecer e estudar os seus conflitos emocionais, ajudando a investigar o porquê de você se sentir dessa maneira.

“Compreender e aceitar que algo nocivo aconteceu no passado e que é preciso ser enfrentado no presente é o primeiro passo para o auto perdão ou o perdão do outro…”

Compaixão

É fácil falar, mas é difícil fazer… será?

Comece a desenvolver um diálogo interno no sentido de começar a aceitar e compreender mais a sua própria humanidade, ou seja, reconheça que, como todos os humanos, você tem falhas e fraquezas.

Naturalmente, você comete erros e sofre com eles. Todos nós sentimos o mesmo. Desenvolver a compaixão por si e pelos demais funciona como um antídoto para a culpa. Requer paciência, propósito e comprometimento com o tema, o que possibilita excelentes resultados.

Leia também Autocompaixão.

“Errar é humano. Mudar com eles é Divino…”
Autor desconhecido

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