Morte e Impermanência
por Mauricio Bastos
A vida é totalmente impermanente.
Esta é grande certeza, juntamente com a morte.
O ritmo deste pulso do Sopro (vida) se altera o tempo todo…
Não temos controle…..
Nada está estagnado.
O fato de você estar aí de olhos abertos lendo este texto não significa que está parado (imóvel) realmente!
O ritmo dos órgãos internos, do batimento cardíaco, da circulação sanguínea, das células, dos músculos e tendões estão mudando o tempo todo.
Expansão -contração, sístole-diástole, tensão- relaxamento,
Medo- amor , tristeza- alegria, dor-prazer…
Muita coisa está acontecendo aí dentro de você!
Sensações, sentimentos, pensamentos incessantes.
Só o que está morto não muda!
Observe as mudanças contínuas.
A cada Inspiração nascemos, a cada expiração morremos…
O tempo todo acontecendo neste exato aqui e agora, dentro e fora de você!
Vivenciar as mudanças (morrer) é um caminho de luz.
Nos aproximamos da morte no momento que nascemos,
Ao mesmo tempo, enquanto (a morte) não acontece à nossa volta, parece que nunca vai acontecer..
Mas a cada dia temos infinitas possibilidades de viver e de morrer.
Já diziam os sábios: Você não entra no mesmo rio duas vezes.
Pois você nunca é o mesmo… e o rio com suas águas em movimento também está mudando sempre..
A natureza nunca é a mesma, cada dia é um dia, cada nascer e pôr do Sol se diferem..
Basta ampliar a percepção.
A cada mudança nosso ego também se altera, e estar em mudança para o Ego é muito arriscado.
Quem sou EU se mudar minhas ações e comportamentos?
O Ego não atua no presente, está sempre no passado ou futuro, buscando uma permanência ( segurança- controle) ilusória.
Se permitir viver no “agora” e receber esta dádiva de estar presente e vivo, é se permitir entrar em contato com a morte (mudanças).
Ter a consciência que estamos caminhando para o término de uma jornada nesta vida é um caminho curador, pois à medida que trazemos mais atenção à morte, despertamos para o sagrado da vida!
Não entrar em contato com a morte, é não entrar em contato com a vida.
Ter aversão à morte é ter aversão a vida!
Medo da morte simboliza em algum grau o medo da vida!
Corremos tanto para lá e para cá, de alguma forma fugindo do “agora” e deste contato com a vida e com a morte!
O desejo incessante de “chegar lá” (onde você não é), te impede de se permitir estar “aqui” (onde você é) ………..
Você já é o que sua existência quer que você seja!
Pensar na morte e em sua inevitabilidade é pensar na vida e em sua vulnerabilidade e fragilidade.
Imagine quantos eventos aconteceram para você chegar aqui neste espaço, neste planeta, neste país, neste corpo, nesta família!
São milhares de mudanças até aqui….
Talvez milhares de encarnações.
Sua existência é única, sagrada.
Você é único, sagrado.
Este momento é único e sagrado!
Chegará o momento que faremos a última expiração e não mais iremos inspirar.
Acontecerá a entrega maior, o momento da grande iluminação,
onde nosso corpo e mente se dissolvem e o ego nos liberta.
Desenvolver a consciência desta passagem é um caminho bem sagrado!
Perguntinha: O que você faria se hoje fosse seu último dia?
A Morte é um tabu para nós ocidentais….
Agradeço pelas sábias palavras Mauricio.
Um abraço,