Entre o “Eu ideal” e o “ideal do Eu”, onde estamos?Poder distinguir e ampliar a percepção entre a “realidade” e a “idealidade” é um tema fundamental para este momento de nossa história de vida, que está repleto de projeções, ilusões, fantasias e escapismos em vários níveis – com um desejo consciente ou não – de não enfrentarmos a realidade como ela está.  

O desenvolvimento contínuo da consciência de quem somos nos conecta automaticamente com a realidade e, então, inicia-se a conexão com os caminhos sagrados da percepção, da autoimagem e do sentimento de quem é este “Eu” que vive no “aqui e agora”. 

Poder viver a realidade no “agora” implica em abdicar de ideais e projeções do que seria “o certo”, “o melhor”, o “top” e, consequentemente, quem seria a “melhor versão” de quem somos. 

Desde a infância, a nossa realidade, na maioria das vezes, já é distorcida, imitada, e copiada, através da percepção limitada que temos da vida de nossos próprios pais. Isso acontece por conta da “convivência” que tivemos com eles e isso inclui até a autoreprodução dos pensamentos, posturas e atitudes que eles tinham com as outras pessoas.  

Com isso, a tendência é aprendermos a desenvolver a nossa identidade muito em função do “prisma” em que crescemos e, na maioria das vezes, acabamos desenvolvendo uma falsa estrutura do “Eu”:  o ego 

Perceber a realidade como ela é, implica inicialmente em perceber quem é este “Eu real” que habita esta existência e, para isso, a necessidade do autoconhecimento, autoaceitação e autocompaixão se faz necessário. 

Perguntas importantes: 

  • Qual a idéia que você faz de você?  
  • Ela condiz com a realidade? 
  • Qual a realidade que você está criando em sua vida? 
  • Você vive suas vontades e é sincero consigo?

Você não é quem você pensa que é…

Entre o “Eu ideal” e o “ideal do Eu”, onde estamos?Estes conceitos abaixo são provenientes da psicanálise e trouxemos um pouco aqui para interpretações individuais: 

O Eu ideal – é aquele que gostaríamos de ter sido, segundo nossos pais e a sociedade, é o que o “mundo” espera da gente. Há uma divisão do que “sentimos em sermos nós” e do que “os outros esperam que sejamos”. É aquilo que completa a expectativa dos outros. Dessa forma, é criada uma projeção do Eu. 

O ideal do Eu – é uma estância secundária, uma substituição simbólica. Devemos ser como o ideal implantando na sociedade e nos sistemas familiares para podermos materializar nossos próprios desejos e anseios. Com isso, montamos “estruturas fundamentais” para sermos aceitos pela sociedade, pelo círculo familiar e por amigos. Quando vivemos esta “forma ideal”, rejeitamos aspectos, vontades, propósitos e posturas que ficarão reprimidos em nosso sistema. Mas o fato é que nunca chegamos a este ideal projetado, nunca será o suficiente. 

Observação:Você pode desapegar desta falsa identidade se este caminho não condiz com a sua verdade. Se ela gera esforço, tensão, stress, ansiedade, agressividade, medo, é certo que ela não é você!” 

Acordar para ser quem você é, requer o desapego de quem imaginas ser.
Alan Watts 

Mas, então, qual o meu Eu real?

Aqui temos 4 perguntinhas que norteiam o caminho do autoconhecimento e a conexão com o “Eu”: 

  1. Onde Eu estou?

    *Estou conectado ao momento presente?
    *Estou vivendo a realidade, de momento a momento?
    A realidade só habita no “agora”. Se estamos nas memórias das histórias passadas ou nas projeções e anseios do futuro, será muito mais difícil encaramos a realidade e descobrir quem realmente somos.

  2. O que Eu sinto?

    *Como tenho me sentido no dia a dia?
    *Como me sinto ao acordar, ao trabalhar, ao me relacionar com os outros?
    Quanto mais estivermos no presente (onde estou), nós teremos mais capacidade de perceber as emoções e sentimentos (o que sinto) e, assim, desenvolver o caminho importantíssimo da inteligência emocional.

  3. O que Eu quero?

    Quanto mais “mergulharmos” em uma relação íntima com nossos propósitos e vontades essenciais, vamos trazendo mais clareza para nossa identidade. Para isso, as duas primeiras etapas acima (onde estou e o que sinto) são fundamentais para chegar a esta terceira.

  4. Quem sou Eu?

    O “Eu real” vai se desenvolvendo e se transformando continuamente, à medida que conectamos com a realidade do estar, sentir e querer. “Através da aceitação, compreensão e integração destes estágios vai ficando cada vez mais  claro que não somos o que idealizávamos ser.” A diferença pode ser gritante e assustadora inicialmente, mas encarar a verdade, é abrir o caminho para enxergar a “realidade como ela está” e acessar nossa verdadeira identidade.

Entre o “Eu ideal” e o “ideal do Eu”, onde estamos?Antes do Ser, o Estar

O primeiro estágio (onde estou) é a base inicial para o caminho. Se estamos muito focados ao passado ou ao futuro, não temos como acessar a conexão com a verdade, a identidade real. 

Portanto, quanto mais conhecermos a verdade, mais iremos conectar a presença à natureza do Ser, e assim, a liberdade de vivermos nossos potenciais e sonhos. 

A verdade começa sempre através do corpo físico, o veículo para o “Agora”. Sinta seu corpo, ouça-o, ele sempre está nos dizendo muitas verdades. Perceba se você realmente está presente neste corpo, em sua respiração, em sua postura, nas sensações e movimento. 

Sathya -palavra em sânscrito que significa Verdade
Sat – significa o Ser
Voltar a verdade é voltar-se ao Ser

A natureza do Ser

Entre o “Eu ideal” e o “ideal do Eu”, onde estamos?Um ponto fundamental é que internalizamos e reprimimos muito de nossos potenciais, virtudes e sonhos, em decorrência de nossas histórias de vida. Sublimamos e começamos a viver papéis, posturas, pensamentos e relacionamentos que não condizem com a nossa verdade essencial. 

Ter consciência disso é, então, começar a deslocar sua posição. É desenvolver o estado de um verdadeiro observador de si mesmo, separar isso que você faz, do que você realmente quer e sente e, então, vivenciar esta vontade e despertar para o livre-arbítrio e fazer as mudanças que são necessárias em sua vida.  

Criar a consciência de que você não precisa mais “sofrer” apegado a uma falsa identidade, é um ótimo meio de conectar com seus “Eus verdadeiros” de forma mais coerente e justa possível.  

Em linhas gerais, você deve ir para a ação, conectado(a) aos propósitos. Mover a energia para aquilo que te traz alegria, vibração, prazer, amor, etc. 

Exemplos de movimentos saudáveis

  • Escolher uma prática esportiva que lhe agrade; 
  • Optar por um trabalho que seja de acordo com seu talento e valor; 
  • Escolher um hobbie prazeroso; 
  • Desenvolver atividades saudáveis, em meio à natureza; 
  • Desenvolver relacionamentos conscientes; 
  • Compartilhar e servir à humanidade de alguma forma: “o mundo lá fora precisa de você e sua ajuda será de muita valia.” 

E tudo isso fará uma enorme diferença para o seu crescimento mental, emocional e espiritual, à medida que você vai se reconhecendo em suas atividades, pois estarão alinhadas com seus propósitos essenciais.  

Desta forma, vais aprender, gradualmente, a “apropriar-se de sua real identidade” e a bancar essa escolha. Vais entender que não precisa destruir o outro para conseguir o que quer. Vais compreender que, na verdade, precisa se conhecer mais e ser o autor e criador de sua realidade e, assim, parar de projetar falsas identidades em si e, por consequência, nos outros também.   

Um homem disse a Buda “Eu quero a felicidade.
Buda respondeu: Retira o “Eu”, é só o ego,
depois retira o “quero”, é só um desejo.
Agora observe, você tirou tudo e ficou a felicidade.
É tudo muito mais simples….

Fonte:
https://psicoativo.com/2017/05/ego-ideal-x-ideal-do-ego-eu-ideal-x-ideal-do-eu-psicanalise.html 
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