Um dos ensinamentos mais assertivos para o enfrentamento dos desconfortos da mente emocional
As situações emocionalmente difíceis e dolorosas fazem parte do ciclo da vida. No entanto, estes tipos de questões costumam fugir, na maioria das vezes, do nosso controle e são consequência direta de nossos pensamentos (como interpretamos) e sentimentos (como sentimos).
Normalmente, tendemos a nos fechar em nós mesmos, sem saber o que fazer com estes temas e procrastinando um enfrentamento dos mesmos. Este é um dos casos clássicos em que a Psicologia Budista pode nos ajudar.
O Budismo é considerado como uma das principais religiões do mundo oriental. Há quase 3000 anos esta corrente nasceu como um sistema filosófico e psicológico, sem nenhum tipo de pretensão religiosa. De fato, segundo o seu criador, Siddharta Gautama, conhecido como Buda, o Budismo é a ciência da mente.
A Psicologia Budista surgiu com o propósito de apresentar um caminho que transforma sofrimento em oportunidades criativas, crises em caminhos de reencontro consigo e de despertar (iluminação).
Buda fundou esta escola com a finalidade de tornar conhecido um método capaz de erradicar nosso sofrimento. Ele desenvolveu uma série de postulados e de modelos específicos, sobre os estados mentais que habitam o Ser Humano e que proporcionam muita clareza e autoconhecimento para aqueles que praticam e estudam.
“A dor é inevitável, o sofrimento opcional.”
Buda
Conteúdo Mental
O sofrimento humano, segundo a Psicologia Budista, tem uma causa primordial que se encontra fundamentalmente na mente.
A impermanência é a única situação que nos mantém na realidade maior e esta é uma das maiores leis espirituais, e quando nosso desejo egóico por algo específico entra em conflito com a realidade maior impermanente, surge o sofrimento.
A base deste sofrimento se chama o estado mental da Ignorância e, a partir dela, deriva-se vários estados mentais que geram muito sofrimento.
Buda estudou e separou os estados mentais de uma forma bem didática e muitos clara:
- Os Caminhos hábeis que levam a Paz interior.
- Os Caminhos não hábeis que levam ao sofrimento.
A partir da Ignorância, ela se desdobra em 2 estados mentais não hábeis principais:
o apego (identificação, desejo) e a aversão (raiva, ira).
Além destes 3 estados mentais principais, existem outros 49 estados, estudados minuciosamente com o propósito de ampliar o caminho da consciência em viver uma vida mais saudável e plena.
Perspectiva Dharmica é o processo de transformação de respostas não hábeis em respostas hábeis. Por exemplo, a passagem do Karma ao Dharma, ou seja, a transformação do sofrimento em oportunidades criativas em viver uma vida mais saudável.
“A mente humana é a fonte e, se orientada de uma forma apropriada, a solução de todos os nossos problemas”
Dalai Lama
Veja também A Sabedoria da Impermanência.
PERCEPÇÃO
Buda escreveu um postulado sobre 5 eventos mentais que acontecem 24 horas do nosso dia, ou seja, o tempo todo. Estão onipresentes em qualquer situação ou momento de nosso dia ou noite e são ferramentas profundas para a evolução da qualidade de presença e do autoconhecimento.
São eles:
- Contato
- Sensação ou Sentimento
- Julgamento ou Interpretação
- Desejo ou Vontade
- Atenção limitada ou Atenção Plena
- O tempo todo estamos contatando algo com nossos sensórios: visão, tato, audição, paladar, olfato.
- 2.Após o contato, vem uma sensação (prazer/dor) ou sentimento (alegria/tristeza).
- 3.A partir daí, nós podemos julgar e reagir ou podemos interpretar e agir. (mente meditativa ou não).
- 4.E a partir disto, decorre um desejo (algo mais descartável) ou uma vontade (mais essencial).
- 5. Que vai depender se temos uma atenção limitada e superficial ou um atenção mais presente e consciente – atenção ampla.
Resumindo:
“O problema não está no fato, mas sim, o como me relaciono com o fato”.
“Qual a minha qualidade de resposta em relação ao fato?”
A Psicologia do Momento Presente
“Tudo é sagrado nesta vida, mas o mais sagrado é o silêncio de momento a momento…”
A base da Psicologia Budista é o foco no momento presente através da auto-observação e da ampliação de consciência.
Toda a prática de atenção ao momento presente gera condições para que o indivíduo gerencie sua vida de uma forma criativa, e assim, gerando a possibilidade de poder explorar seus talentos, dons e a capacidade sagrada do “servir”.
Através da meditação, caminhadas zen, respiração consciente, mindfulness, leituras e outras técnicas pertinentes, a conexão com o agora vai ficando mais intensa e, então, surge a clareza para lidar com as questões desafiadoras do viver de uma forma mais tranquila e amorosa.
“Só amanhece o dia para o qual estamos despertos”
Henry Thoreau
É preciso ser um Budista para trabalhar ou receber a Psico Budista?
Não, a Psico Budista não está vinculada a religião nem as práticas doutrinárias, mas, sim, à filosofia e às questões da mente humana e consciência.
O foco está no desenvolvimento do observador desapegado e da atenção plena.
O despertar da atenção eleva a consciência, portanto, onde está sua atenção está sua mente e sua energia.
“A mente está, onde está sua atenção.”
A Mente que mente
Nossa tendência é usar a mente de uma maneira não-sábia, potencializando os riscos e fantasiando negatividades, através de fantasmas de inseguranças, expectativas e frustrações.
Os esforços de se afastar do sofrimento levam a experiências de escapismos, fantasias, projeções, autoenganos e grandes ilusões que, inexoravelmente, terão consequências no decorrer da vida.
“10% de nossa vida está relacionada com o que nos acontece, e os 90% restantes com a forma como reagimos diante daquilo.”
Stephen R. Covey
Abrir-se para o novo (dimensão aberta)
Cada momento é único e aberto. Cada momento é novo e com possibilidades infinitas.
Você nunca passou por este momento, então não há por que julgar a partir de referências anteriores e antigas.
Não é preciso resposta automática!
Inspire-se de um novo ar, um novo momento, uma nova oportunidade em conexão com sua essência. O Poder do Agora!
“O presente é a grande oportunidade do teu Ser vir…..”
Três propósitos essenciais da Psico Budista
- Cultivar a qualidade de presença (de momento a momento).
- Cultivar a paz e serenidade. (enxergar os(as) outros(as) como pessoas e não objetos)
- Despertar a percepção para poder olhar para a situações como elas realmente são (acolher a realidade como ela está).
“Tentar mudar o mundo sem mudar a nossa mente, é como tentar limpar o rosto sujo que vemos refletido no espelho, somente esfregando o vidro sujo.
Chagdud Tulku Rinpoche
Leia o artigo Despertar. O Caminho para sair do sofrimento.