Viver indiferente…uma triste realidade dos tempos atuais
A indiferença, o distanciamento e a falta de vontade são sintomas de que alguma questão no “fluir da vida” se perdeu. Uma desconexão com a realidade e o propósito.
No entanto, muitas pessoas carregam estes sentimentos consigo, sem intervir, sem se comunicar, vivendo na “bolha”, sem pedir ajuda. Seguem a vida no piloto automático, condicionadas ao sistema, com uma percepção rígida e limitada sobre a existência e no caminho para o tédio e uma possível depressão.
Por que as pessoas escondem a forma como se sentem?
O que podemos fazer quando somos nós, que estamos nessa situação?
A palavra apatia significa falta de sentimentos, de sentido. É como se o indivíduo fosse esvaziado de suas emoções e percebesse que nada mais importa.
Todo mundo já passou ou ainda vai passar por um momento apático, alguns em maior e, outros, em menor grau. Pode ser bastante desesperador observar-se diante de um panorama em que parece que nada mais tem brilho ou interessa.
Este momento específico de pandemia, e todas as suas consequências, contribui ainda mais para deixar as pessoas cada vez mais apáticas, frias e distantes, sem vibração, conexão e propósito.
O reflexo da apatia e da desmotivação em relação ao que esperamos do presente e do futuro é a desconexão com a vontade essencial. Acordar todos os dias nesse estado, pode tornar-se um suplício, em função de uma inércia crônica que habita nosso corpo físico e a mente-emocional.
Quanto maior o estado de apatia, mais difícil será o movimento para as mudanças e as transformações necessárias na vida. Tomar a iniciativa, ter proatividade e criar uma nova realidade são atitudes que vão ficando cada vez desafiadoras para quem vive a apatia.
Como você se percebe na relação com a vida, com os outros e a sociedade?
Apático? Empático?
Veja: Presença.
Apatia decorrente da vida automatizada
O aumento considerável do número de indivíduos presos em um quadro de apatia se deve, especialmente, ao estabelecimento de um ritmo acelerado e intenso de trabalho, em que se tem cada vez menos tempo para si mesmo.
Estar inserido em um contexto em que nada parece vibrante, nutritivo ou positivo, onde o isolamento impera e a vida automática acontece, contribui demasiadamente para o estado de apatia.
Se não existe algum momento em que a pessoa se sente motivada, desperta e minimamente feliz, dificilmente conseguirá quebrar o ciclo que a coloca nessa situação.
A falta de inspiração, criatividade e qualidade de presença são causas fundamentais para uma vida apática e automatizada.
Veja: Automatismo e Autossabotagem.
Da apatia ao tédio, como se livrar?
No momento que a vida vai se tornando cada vez mais desinteressante, sem novidades e surpresas, a chance da chegada do tédio é muito grande. A falta de conexão interna e a consequente falta de vontade e indiferença geram a sensação do tédio. “E o tédio nada mais é do que a desconexão com as emoções, com o sentir e uma dificuldade de entrar em contato com a vulnerabilidade.”
Veja: Do tédio ao ódio em tempos de pandemia.
O primeiro passo para se livrar da apatia é admitir que ela está fazendo parte da sua vida nesse momento, e que a “percepção” das emoções, sentimentos e quereres está muito abaixo do normal.
A maioria das pessoas não reconhece que o estado de profundo desinteresse em que está inserido pode ser algo mais sério e com grande impacto em sua vida cotidiana.
A apatia pode ser uma decorrência de dores profundas, de desilusões, de decepções em que a opção de se distanciar do “sentir” é a forma mais segura de proteção para continuar vivendo uma vida mais segura e estável, sem tantas dores e desconfortos.
É importante também, uma investigação da rotina diária e dos propósitos por trás de cada ação e observar o quanto a vida está sendo prazerosa e interessante. A apatia pode, também, esconder questões fisiológicas e de saúde (fatores causais hormonais ou orgânicos) e/ou psicológicos como, por exemplo, a depressão.
Apatia em silêncio, falta de sonhos e a depressão enrustida
Por vezes, a apatia passa despercebida porque a pessoa supre a carência de motivação com atividades em esforço. Assim, quem convive com uma pessoa que vive em uma espiral de falta de vontade e apatia, pode não perceber a dor que ela pode estar sentindo.
Vamos pensar: como conseguir perceber que aquela pessoa está sentindo uma constante apatia se ela se comporta como sempre? Esse é um ponto relevante.
Muitas vezes, não damos a importância devida ao estado emocional do outro pela ausência de sintomas externos relevantes. A pessoa continua desempenhando seu trabalho, suas obrigações familiares, comparecendo às reuniões sociais…, inclusive, em seu rosto podemos encontrar sorrisos, mas falta a fé em algo maior.
Veja: Emergência espiritual.
No entanto, internamente existe uma descrença, uma falta de vibração e motivação. Muitas vezes, são sintomas que demonstram uma depressão já instalada, mas não reconhecida e assumida.
A depressão está expressa subliminarmente numa falta de motivação, entusiasmo e iniciativa. É fundamental aqui, podermos ampliar nossa visão à pessoa que parece apática, e perceber os sinais de uma vida monótona, sem sonhos e propósitos maiores.
Da apatia, à empatia e à compaixão
Após o reconhecimento de uma vida apática, é fundamental a busca por um movimento novo, de transformação, através da qualidade de presença e conexão com “o sentir” e, assim, desenvolve-se uma maior percepção da vida, das relações, das ações e dos propósitos primordiais.
As práticas de autoconhecimento, meditação e terapia são fundamentais neste momento de transformação.
Veja: Autoconhecimento.
Começa-se a perceber que existe a alteridade, que há o outro. Existe, assim, a possibilidade de saída desta condição apática, fria e distante e, através da ampliação de consciência, surge uma nova conexão com uma compreensão maior da existência e das relações humanas.
Veja: A alteridade e a pandemia.
A partir daí, surge o dom da empatia, ou seja, a qualidade de compreender e sentir o que “o outro” está sentindo, e a partir da empatia, vem o poder da compaixão e o despertar para a espiritualidade.
Desenvolver a espiritualidade é conectar-se com a fé e com a confiança no fluxo da vida. É abrir o “espaço interno” para respirar o “novo”, desapegar-se do “velho” e fluir nas emoções, sentidos e sentimentos.
As coisas só têm sentido quando são sentidas.
Permita-se!
Deixe o teu Ser vir…
Você não está sozinho. Converse com um terapeuta de confiança e volte-se para as práticas de autoconhecimento, pois são a chave para o seu despertar!