O momento presente se torna passado em menos de um segundo
Quanto mais ampliamos nossa percepção, vamos compreendendo que todo fim prenuncia um começo, que toda morte prenuncia um nascimento. Que seguimos “de momento a momento” e este “tempo” já está passando.
Para a maioria das pessoas, a busca pelo controle, pela segurança e pelas certezas também é continua e impermanente. O fato de estar no presente nos traz alguma sensação de realidade e de controle.
No entanto, quando ocorre alguma mudança “fora da rota”, a sensação é de que algo se desfez. E nós nos identificávamos com aquilo, nos trazia sentido, e agora se “perdeu ou se transformou”, e isso tende a gerar muito desconforto para quem está vivenciando.
Veja apego ao controle- desapego do apego.
Estar em mudança para uma mente egóica é muito arriscado e desconfortável. O Ego (falso eu) não atua no presente, está sempre no passado ou futuro, buscando uma permanência (segurança- controle) ilusória.
O Ego só utiliza o momento presente para chegar em algum lugar específico. Se temos a certeza de que este momento presente é real e certo, temos a tendência de querer controlá-lo (manter a permanência e o controle). Porém, sempre será uma batalha inglória.
Muitas vezes, temos certa dificuldade de perceber a realidade, pois nosso falso eu, inventa e cria projeções, através do apego à sentimentos, experiências, sensações e relacionamentos. É uma defesa interna que traz uma falsa sensação de segurança, controle e poder.
Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Antoine-Laurente de Lavoisier
Nós vivemos em meio ao controle e a grandes expectativas, nos iludimos com a ideia de que são as certezas que nos farão felizes. Mas quando a vida nos mostra que nada é controlável e que a permanência não existe, sofremos.
A verdade é que somos responsáveis por esse sofrimento, e somente quando percebermos que há uma grande harmonia nos caminhos naturais da vida, aceitaremos a impermanência e, assim, começamos a confiar na vida como ela é e como está.
A compreensão da impermanência
Ter consciência da impermanência das coisas, não deve nos entristecer, mas, sim, nos estimular a viver com mais intensidade e qualidade o “aqui e agora”, reverenciando o momento presente e as pessoas que fazem parte de nossa vida.
Veja também Consciência da inconsciência.
“Estamos em processos eternos…”
Só no aqui e agora é que podemos criar e realizar algo, só no presente podemos transformar nossas vidas, nossa história. Só nesse instante podemos viver a plenitude e a felicidade.
Se nada é permanente e tudo está em constante mutação, é inútil carregarmos um passado que já mudou, que não existe mais. Também não deixa de ser “em vão” vivermos num futuro que não existe e que pode nunca existir, do modo que imaginamos.
Isso acontece cotidianamente, pois precisamos de “certezas” o tempo todo. Achamos que se pudermos controlar os sentimentos e pensamentos que temos, como também as pessoas e as situações do externo, seremos felizes. E esta é a maior e mais perigosa ilusão que mantemos na vida, que a felicidade está no seguro, estável e controlável.
Viver conscientemente e estar no presente – com atenção amorosa e desperta – é a real oportunidade que temos de criar e recriar a nossa história, o quanto for necessário.
Nada é permanente, exceto a mudança
Heráclito
Devemos ter consciência de que tudo que nós vivenciamos (inclusive nós e todas as pessoas que amamos), não estarão mais presentes em algum momento.
E se olharmos para a origem e manutenção dessas ilusões, vamos perceber que estas são alimentadas durante toda a nossa vida. É o tipo de coisa que nos é ensinado. Basta você pensar nas frases e pensamentos transmitidos para você desde que era criança, por seus pais, professores, tios, avôs e a sociedade em si.
Veja crenças limitantes .
A impermanência, a nível psicológico
A impermanência realmente é uma qualidade superimportante dentro do nosso contexto psicológico. Isso porque ela nos dá a possibilidade de sermos diferentes a cada intenção, expressão e movimento. Dessa forma, vão gerando novos entendimentos e compreensão dos caminhos da existência, o que nos permite reinventar a vida a cada momento, no instante em que quisermos.
Porém, o grande desafio da impermanência (no aspecto psicológico) é gerenciar essa qualidade da mente, de forma construtiva em nossas vidas, já que a sua manifestação está sobre o julgo de vários aspectos: dos nossos medos e desejos, dos propósitos, das escolhas, das interpretações, do querer, do acreditar e agir, do nível de autoconsciência e autorreflexão, como também de nossa maturidade,
Leia o artigo A Sabedoria da Impermanência.
É importante termos consciência do nosso aprisionamento (permanência) a determinadas falsas verdades, sejam elas: pessoais, filosóficas, científicas, religiosas ou imaginárias e, o quanto elas limitam a nossa expressão, criatividade e sentimentos em direção a uma vida com mais plenitude, liberdade e realização.
Inteligência é a capacidade de se adaptar a mudança
Stephen Hawking