O inconsciente pode estar tentando encontrar, na vida real, confirmações para aquilo que você crê na vida imaginária.
É muito comum, no decorrer de nossas vidas, passarmos por situações doloridas e desconfortáveis. Faz parte do “existir” e dos ciclos impermanentes e inseguros da vida e que, muitas vezes, podem se repetir em cenários e pessoas diferentes, mas resultando sempre nas mesmas sensações e sentimentos recorrentes.
Por que repetimos as situações? Será coincidência?
Na verdade, as situações vão se repetir enquanto continuarmos apegados às memórias emocionais do passado. Recordações que geraram conteúdos e emoções profundas e que não foram totalmente integradas, vivenciadas, dissolvidas e comprovam o desenvolvimento de um sistema apegado às crenças limitantes.
Quando os acontecimentos saudáveis ocorrem repetidas vezes em nossas vidas é sinal de que estamos receptivos a desfrutando do que é bom e belo nesta existência. Mas e quando acontece algo ruim ou desagradável, repetidas vezes, é sinal de que? Será que não há, nesse “filme reprisado”, um aprendizado que você ainda não conseguiu compreender?
Na maioria das vezes, nós vivenciamos as repetições para que possamos compreender que padrões de nossa mente-emocional estão ainda atuantes e que não foram dissolvidos e continuam dentro de nós. Dessa forma, se seguirmos sendo os mesmos que vivenciamos esta situação anteriormente, e se não houve transformações profundas neste âmbito, continuaremos criando situações que vão se perpetuar da mesma forma.
Já dizia, sabiamente, o mestre Jung: “Aqueles que não aprendem nada sobre os fatos desagradáveis de suas vidas forçam a consciência cósmica que os reproduzam, tantas vezes quantas forem necessárias, para aprenderem o que ensina o ‘drama’ daquilo que aconteceu (a percepção)!”
A percepção é a relação entre o objeto e a autoimagem e sentimento de quem o observa.
Yoga Sutras
Autorresponsabilidade
Uma das maiores causas do sofrimento humano está em colocar o “poder” sempre nas mãos dos outros e nos eximirmos das responsabilidades. O “outro” fica sendo o responsável para te conduzir aos sentimentos saudáveis: a felicidade, a alegria, o amor, o prazer, etc, ou, o oposto, sentimentos doloridos: a infelicidade, a tristeza, o ódio, a dor.
Temos a tendência de sempre culparmos situações e fatores externos que funcionam como justificativas de autodefesa, pelos acontecimentos desagradáveis que nos ocorrem. Na verdade, as situações são geradas de acordo com as crenças que nós possuímos sobre nós mesmos, sobre os outros e sobre a vida. Nós somos co-criadores de nossa realidade, isso é fato!
Quanto antes enxergarmos e compreendermos as lições que a vida deseja nos ensinar e encararmos as nossas “sombras” verdadeiramente, enfrentando desconforto, dor, tristeza, raiva e medo será, sem dúvida alguma, mais leve e fluída a nossa jornada, seguindo caminhos primordiais e sagrados através do autoconhecimento, da autocompaixão e da autoestima.
Para tanto, a atenção amorosa ao ciclo das repetições é fundamental. Ao observarmos atentamente o padrão repetitivo, nós teremos a possibilidade de desenvolver respostas hábeis (responsabilidade) diferenciadas e que nos convidam a uma postura nova e criativa.
Emoção
E/ moção: Energia em movimento
Se a energia ficar parada, repetida e estagnada gera desequilíbrios, como por exemplo; o Re-sentimento e a Má-água…
As crenças limitantes e as emoções que se repetem
Na raiz da maioria dos problemas está o sistema de crenças, ou seja, aquilo que você acredita e percebe como verdade absoluta sobre determinado tema. Outro ponto também está relacionado ao seu nível de autoestima, ou seja, a relação íntima consigo, através da autoimagem, sentimento e conexão
Por exemplo, se você não acredita na abundância em sua vida e interioriza a crença limitante da escassez, é natural, por mais que faça esforços para mudar, que os resultados sempre acabem sendo “a falta, o vazio, a solidão”.
Da mesma forma, se a sua autoestima é baixa, verá que numa relação após a outra (tanto no campo social, como no profissional) tenderá a atrair pessoas e situações que te levem à autodesvalorização e às emoções destrutivas e recorrentes.
As nossas crenças são tudo aquilo que acreditamos sobre as pessoas, relacionamentos, família, trabalho e, principalmente, sobre nós mesmos. Em geral, elas são criadas a partir das nossas experiências vividas e seu propósito é perpetuar e sustentar os mesmos padrões de pensamentos, comportamentos e emoções.
Dica importante: Não tenha resistência em questionar absolutamente tudo aquilo que até hoje você aceitou e percebeu como verdade absoluta.
Aquilo que você resiste, persiste…
Você tem o livre arbítrio e pode escolher mudar!
Situações desagradáveis se repetem em sua vida?
Experimente fazer estes questionamentos:
- Qual a minha crença sobre esse determinado assunto?
- Qual a minha responsabilidade sobre esse acontecimento?
- Será que de alguma forma atraio isso para a minha vida?
- Esta emoção recorrente, eu aprendi de quem?
- Experimente também olhar para os seus familiares próximos … mãe, pai, tios, irmãos, avós … será que isso se repetiu e se repete na vida deles também?
- As crenças são aprendidas (por experiência ou por observação) e, na maioria das vezes, trata-se apenas de reproduções de padrões familiares que foram aprendidos.
- Comece observando atentamente seus pensamentos, para onde vão e qual a qualidade deles neste tema específico?
O pensamento gera uma emoção que gera uma expressão que gera uma ação.
Suas crenças tornam seus pensamentos.
Seus pensamentos tornam-se sua palavras.
Suas palavras tornam-se suas ações.
Suas ações tornam-se seus hábitos.
Seus hábitos tornam-se seus valores.
Seus valores tornam-se seu destino.Mahatma Gandhi
O que você está ganhando com isso?
Às vezes, não conseguimos deixar de sermos as vítimas das nossas vidas porque gostamos da atenção e do cuidado com os quais os outros nos olham. Em outros momentos, afastamos as pessoas de nosso convívio, mesmo sentindo-nos solitários, porque preferimos a dor já conhecida à uma promessa de uma felicidade desconhecida e sem o “controle”.
Se repetimos as histórias em nossas vidas, significa que provavelmente ainda temos muitos apegos a determinadas situações, de uma forma consciente ou não. O caminho do autoconhecimento e da meditação é, sem dúvida, primordial para dissolvermos estes padrões arraigados.
Qualidade de Presença – o ponto de mutação
Ao mergulharmos profundamente em nós mesmos (no Agora), vamos encontrar muitas coisas que não gostamos. Olhar com clareza e sinceridade para as histórias de nossas vidas – através das escolhas que fizemos e suas consequências – no momento presente, nos trarão maior percepção do “lugar” onde nos encontramos hoje. E relembramos que o verdadeiro poder está no “Agora”.
Estas escolhas resultaram em emoções e sentimentos intensos e que, possivelmente, estavam estagnados e reprimidos. Porém, “neste agora”, precisam se mover e se transformar para uma nova vida, um novo Eu.
Qualidade de presença, auto-observação, auto acolhimento e autocompaixão são ferramentas poderosas para a dissolução das repetições emocionais.
Pratique e deixe fluir as suas emoções!
A hospedaria – a razão das emoções
O ser humano é como uma casa de hóspedes
Toda manhã, uma nova chegada
Uma alegria, uma tristeza, uma mesquinhez
Uma percepção momentânea chega, como um visitante inesperado
Acolha a todos!
Mesmo se for uma multidão de tristezas, que varre violentamente sua casa e a esvazia de toda a mobília
Mesmo assim, honre a todos os seus hóspedes
Eles podem estar limpando você para a chegada de um novo deleite
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia
Receba-os sorrindo à porta e convide-os a entrar
Seja grato a quem vier
Porque todos foram enviados
Como guias do além
Rumi